SALVE SANTA SARA KALI
EDIMARCIA MALHEIROS........

Casou-se bem cedo, possuindo todos os dotes que uma virgem cigana deveria ter. Como de costume, a noiva passou a pertencer à família do noivo, mas para a surpresa de todos, os dois clãs decidiram se unir, da mesma forma que se uniram Soraya e Karlon. No astral, iniciava-se mais uma jornada, onde oportunidades estavam sendo dadas a todos esses espíritos, pois para a misericórdia Divina nada se perde e tudo se transforma.
Até que, numa gélida e escura manhã de inverno, tiveram a confirmação através de umas das shuvanis do clã… Soraya tinha “ventre seco”. Logo ela, tão bela e formosa! – alguns falavam. Desgraça! – outros diziam. Ela foi amaldiçoada! – murmuravam. A única coisa que Soraya pensava era fugir dali, pois não existia mal pior do que esse para uma cigana. Sabia que iria ser repudiada, mas não suportaria ser condenada pelo marido também, o qual aprendeu amar e respeitar.
Enquanto os mais velhos preparavam a Kris-Romani, uma espécie de tribunal onde julgava casos como esse, ela conseguiu fugir. Correu, correu, correu… Já não tinha mais fôlego quando se deixou cair aos pés daquela árvore. Vários ciganos foram atrás dela, mas não a encontraram… Estava tão desesperada e esgotada que nem percebeu quando uma carruagem parou ali perto. Uma senhora, que mais parecia uma serviçal desceu e atirou em seus braços aquela inocente e indefesa criança sem ao menos dizer uma palavra. Fitando aquele lindo bebê, Soraya compreendeu que a alma é muito mais importante do que o corpo, pois a alma é eterna e o corpo apodrece. Mergulhou no azul dos seus delicados olhos e voou. Voou como se estivesse na imensidão do céu… Olhou para a carruagem, a qual já se desmanchava no horizonte. Ainda pode ver o brasão, que parecia ser de família nobre, mas não se importava com mais nada. Algumas crianças do clã, que estavam acostumadas a brincar por ali, a encontraram e quando levou novamente seu olhar para a carruag
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